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sexta-feira, 23 de setembro de 2011
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
Artigo publicado na Revista RI Nº 136 Setembro 2009
Camuflado de novas oportunidades nunca antes vislumbradas, o quinto poder nasce de uma concentração ainda mais poderosa.
Se estamos discutindo que a condução da economia mundial não pode ficar na mão de poucos e se depois de muito penar, chegamos à conclusão de que necessitamos de um ambiente aberto e propenso ao diálogo, onde todos têm voz − e voz que deva ser ouvida −, o que devemos pensar sobre as grandes fusões e aquisições? Que mercado está se criando? Quem definirá os pontos fortes e fracos se a concorrência resolveu sentar na mesma mesa? Qual o poder de escolha dos consumidores nesse cenário?
Inicialmente, esses movimentos causam certo espanto por parecerem absurdos e impensáveis. Num segundo momento, deixando a euforia da valorização das ações, o que sobra é um mercado com pouca competitividade, concentração de tecnologia e muito poder de negociação diante dos fornecedores. Com isso, o papel da governança para a sustentabilidade traduz um sentimento que já era conhecido. É levado em consideração apenas o ganho de escala, o real posicionamento diante da crise e o inchaço financeiro. Porém, duas palavras mágicas que são essenciais à longevidade das organizações deveriam ser levadas em consideração: cultura e gestão.
No que diz respeito à cultura, na construção das marcas, a inércia ou a passividade também são produtivas. Ao mesmo tempo em que, às vezes, as empresas não deixam claro qual o seu posicionamento − que reflita o que são e o que querem ser −, os públicos conseguem basear suas escolhas naquilo que se aproxima do seu modo de agir. Ou seja, não há nenhuma empresa, em um processo de mediação com seus públicos, que consiga passar despercebida de um sentimento sobre sua marca. Confiança e fidelidade só se alcançam com anos de trabalho planejado e muito fôlego. Com a união de dois dos principais players do mercado, algo que me fazia optar por um deixou de existir, pelo simples fato de que minha opção resolveu optar pela minha não opção. Isso deixa um vazio enorme. Minha marca sumiu. Virou “aquela” ou uma outra. Uma, duas.
De maneira pragmática, uma particularidade do mundo moderno me deixa apreensivo. Há um total distanciamento do terreno, do sólido, uma desfragmentação da cultura que, se exercida pelas empresas, causa uma total perda de sentidos nos seus públicos de interesse. Como posso considerar o outro se o outro agora sou eu? A cultura não é importante em momentos de fusões e aquisições, ela é secundária e sequer é levada em consideração. Não me surpreenderia se daqui a algum tempo nos chegasse a notícia de que, por exemplo, houve a fusão de dois times rivais de futebol. Um tricolor de preto, branco e verde.
Outro enfoque importante para as organizações é uma gestão clara, transparente e que não se distancia de seus direcionadores. Missão, visão e valores são como o DNA. Cada empresa deveria ter o seu e, se ele cabe no outro, é porque vem do mercado. Uma gestão voltada para a sustentabilidade e que pratica movimentos como esses que estamos assistindo deveria considerar que, das cem maiores entidades econômicas do mundo, 51 são empresas. Durante o ápice da crise financeira e com a necessidade de restabelecer o sistema, será que levamos em consideração os princípios da governança e da sustentabilidade?
Inicialmente, esses movimentos causam certo espanto por parecerem absurdos e impensáveis. Num segundo momento, deixando a euforia da valorização das ações, o que sobra é um mercado com pouca competitividade, concentração de tecnologia e muito poder de negociação diante dos fornecedores. Com isso, o papel da governança para a sustentabilidade traduz um sentimento que já era conhecido. É levado em consideração apenas o ganho de escala, o real posicionamento diante da crise e o inchaço financeiro. Porém, duas palavras mágicas que são essenciais à longevidade das organizações deveriam ser levadas em consideração: cultura e gestão.
No que diz respeito à cultura, na construção das marcas, a inércia ou a passividade também são produtivas. Ao mesmo tempo em que, às vezes, as empresas não deixam claro qual o seu posicionamento − que reflita o que são e o que querem ser −, os públicos conseguem basear suas escolhas naquilo que se aproxima do seu modo de agir. Ou seja, não há nenhuma empresa, em um processo de mediação com seus públicos, que consiga passar despercebida de um sentimento sobre sua marca. Confiança e fidelidade só se alcançam com anos de trabalho planejado e muito fôlego. Com a união de dois dos principais players do mercado, algo que me fazia optar por um deixou de existir, pelo simples fato de que minha opção resolveu optar pela minha não opção. Isso deixa um vazio enorme. Minha marca sumiu. Virou “aquela” ou uma outra. Uma, duas.
De maneira pragmática, uma particularidade do mundo moderno me deixa apreensivo. Há um total distanciamento do terreno, do sólido, uma desfragmentação da cultura que, se exercida pelas empresas, causa uma total perda de sentidos nos seus públicos de interesse. Como posso considerar o outro se o outro agora sou eu? A cultura não é importante em momentos de fusões e aquisições, ela é secundária e sequer é levada em consideração. Não me surpreenderia se daqui a algum tempo nos chegasse a notícia de que, por exemplo, houve a fusão de dois times rivais de futebol. Um tricolor de preto, branco e verde.
Outro enfoque importante para as organizações é uma gestão clara, transparente e que não se distancia de seus direcionadores. Missão, visão e valores são como o DNA. Cada empresa deveria ter o seu e, se ele cabe no outro, é porque vem do mercado. Uma gestão voltada para a sustentabilidade e que pratica movimentos como esses que estamos assistindo deveria considerar que, das cem maiores entidades econômicas do mundo, 51 são empresas. Durante o ápice da crise financeira e com a necessidade de restabelecer o sistema, será que levamos em consideração os princípios da governança e da sustentabilidade?
Ao buscar a mudança de patamar para alcançar objetivos bem mais robustos, o que se considera é uma união que trará a possibilidade de atingir tal tamanho a ponto de criar um buraco negro entres os concorrentes locais. Não me parece possível convergir duas gigantes para uma mesma maneira de condução do negócio. O que antes era água e óleo agora se funde num processo que nem a química consegue explicar. Cultura e gestão são os alicerces de uma companhia. Se construídos levando em consideração os princípios da governança corporativa e da sustentabilidade, com visão de longo prazo, devem abarcar todos os processos de condução do negócio. Ao aprovar esses movimentos, deveriam ser incluídos nas análises aspectos como cultura e gestão e, por parte das empresas, uma consulta entre seus funcionários e consumidores seria recomendada.
Do ponto de vista macro, outras crises virão, com certeza. No futuro, se esses movimentos forem consolidadores desse novo cenário, devemos guardar a memória da solução da crise atual, para servir de pílula de farinha para as que estarão por vir. A construção de um cenário global mais equilibrado não se sustentará com fusões e aquisições entre grandes grupos empresariais. Mais poder, concentração e menos equilíbrio é tudo que não necessitamos nesse momento e nem em cenários futuros.
quarta-feira, 8 de abril de 2009
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