quarta-feira, 18 de março de 2009

Artigo publicado na Revista Apimec Out/Nov/Dez 2008



Os reflexos da crise estadunidense e a sustentabilidade
A lógica segundo a qual devemos diversificar os investimentos para diminuir os riscos,com a última crise, nos mostra que não temos opções disponíveis

Os especialistas em investimento nos ensinam que a melhor maneira de diminuir os riscos é não colocar todos os ovos na mesma cesta. E isso tem certa lógica.

Num mundo onde tudo é globalizado, se faz necessário a busca da maximização dos lucros operando em diversos setores e mercados. O que nem todos sabem é que as perdas também são globalizadas e a sustentabilidade é um fator preponderante para manter o equilíbrio nos momentos de crise.

A crise que estamos passando nos dá uma noção exata de quanto o mundo ainda é dependente do mercado estadunidense. Essa crise financeira e do sistema como um todo, o que é mais preocupante, reforça que não podemos ter um único país ditando as regras.

Caso o mundo quisesse entrar na Bolsa, teríamos que criar uma categoria de Nível Zero de governança corporativa e sustentabilidade. A supremacia do mercado estadunidense não exige mais respeito. Quando essa crise passar, devemos assumir uma postura de enfrentamento e cobrar, sobretudo, transparência daquele que ainda é o acionista controlador do mundo. Para não enfrentarmos outra crise dessa envergadura, é necessário todos os países adotarem postura proativa nas questões que envolvem todas as economias. Com o pensamento na longevidade das nações, a sustentabilidade e a governança são fundamentais para efetivação dessa postura.

Antes de diversificar os investimentos, devemos pulverizar as responsabilidades pela condução da economia global e não deixar na mão de 435 parlamentares estadunidenses a decisão de salvar o mundo.

Porém, uma nova ordem mundial está nascendo. Novos atores estão surgindo num cenário onde a preocupação com a sociedade e o futuro sustentável provavelmente serão os balizadores de nossas atitudes. Essa deverá ser a regra de condução do mundo que está para nascer, onde o ambiente deverá ser mais aberto ao diálogo.

Essa crise sistêmica servirá para darmos espaço a novas idéias boas e coletivas do ponto de vista de suas realizações. Deixaremos de lado velhos modelos que já não servem mais para aplicação num mundo onde as atitudes de um único indivíduo refletem no coletivo.

Acreditamos que o crescimento socioeconômico seja a base do desenvolvimento sustentável. Um cenário de incertezas deixa distante a idéia da criação de um ambiente favorável para a sustentabilidade, mas é nesses momentos que a convicção das companhias em seus princípios e valores é a guardiã de sua sobrevivência no mercado.

O Fim do mundo
O mundo não acabou e não vai acabar com essa crise. A história mostra que o mundo em certo espaço de tempo se reconstrói. Esse é o momento de começarmos a criação de uma nova era com uma visão mais abrangente.

Abandonemos a idéia de fim para concentrarmos nossas forças em um novo começo, tendo como pilares a governança corporativa e a sustentabilidade.